A última bienal do livro, ocorrida no Rio de janeiro entre os dias 30 de agosto e 8 de setembro, foi marcada por polêmicas e manifestações. Todo esse movimento foi estimulado pela censura a uma história em quadrinhos que retratava um beijo gay.

Com o objetivo de “proteger as crianças”, o prefeito da cidade, Marcelo Crivella, solicitou que os livros fossem recolhidos. Em protesto a essa medida, muitos frequentadores da feira e moradores da cidade, se uniram em um manifesto contra a censura.

Menino protesta na Bienal por melhorias na sua escola

Dentre os manifestantes, um deles se destacou por denunciar um problema na área da educação. Com um cartaz solicitando o restabelecimento do gás em sua escola, Pedro Otávio de 8 anos demonstrou sua insatisfação com a falta de merenda e de professores, além de pedir por mais vagas em creches e maior segurança no seu bairro de residência.

Entretanto, além das questões reivindicadas, a escola frequentada pelo menino apresenta
ainda outros problemas. De acordo com o depoimento de alguns responsáveis, na Escola Municipal Avertano Rocha, localizada na zona oeste do Rio, falta de água, luz, ações policiais e a ausência de professores foram os motivos para 47 dias úteis sem aulas.

A reclamação é mais que coerente, já que na manhã do dia 11 de agosto, foi exibida a fuga de indivíduos armados após operação na Cidade de Deus, local onde a escola está situada. A falta de aula nesse dia foi confirmada por duas mães de alunos.

A mãe de Pedro mencionou que a iniciativa de escrever a mensagem foi do menino e, segundo ela, no momento da apreensão dos livros, a escola estava sem gás há dois dias. Camila, mãe do menino, acredita que Pedro percebeu que a falta de luz, gás e constantes operações policiais não eram situações normais e que o prefeito não estaria trabalhando como deveria.

Outras mães foram ouvidas e reclamaram dos mesmos problemas. Esse foi um dos motivos que levaram Camila a permitir que seu filho protestasse durante a bienal. Sem receios de retaliações, a mãe do menino afirma se tratar de “liberdade de expressão” e não se preocupar com intimidações.

Resposta da Prefeitura do Rio e Polícia Militar

A Prefeitura do Rio afirmou que as denúncias sobre falta de água e luz não procedem. Segundo eles, o problema de gás foi devido a um vazamento e nesses dias as crianças foram alimentadas com um lanche reforçado. Contudo, segundo informações, uma das refeições durante esses dias foi, apenas, biscoito e banana.

Com relação às ações da Polícia Militar, após questionados, a corporação respondeu que seus atos são pautados por informações obtidas por meio da área de inteligência, seguindo rígidos protocolos para executá-las.